A importância dos avós na vida das crianças
Quando abri o Brincando no Pé, eu tinha certeza que queria que ele fosse um espaço para todos, pequenos e grandões.
Sentia que a convivência com diferentes idades só podia trazer benefícios para todos.
Falando em grandões, de muita experiência, rapidamente os avós apareceram! Eles iam para acompanhar seus netos nas brincadeiras já que seus filhos precisavam trabalhar e, assim, pude observar de pertinho muitas destas relações.
O que me chamou atenção, logo de início, foi a disponibilidade, a inteireza com que se colocam nestes vínculos. São muito disponíveis para brincar. Logo se sentam no chão, se pintam, lêem histórias e muitas são relembradas. Parece até que esquecem suas idades e suas dores nesses momentos. O amor pelos seus netos é tão puro e tão bonito que dá para sentir de longe.
Claro que já vi muitos avós superprotetores, preocupados demais com os pequenos. Alguns vivem andando atrás deles para dar comida e colocam casaco mesmo quando está calor. Tem os que morrem de medo de que possam se machucar… Mas não estamos aqui para julgar ninguém!
Aqui, aprendemos a conviver e a observar as ações e, assim, podemos também ajudar estes avós a perceberem o que seus netos precisam, antes de tudo. Algumas vezes pontuamos a importância da autonomia, da exploração, acalentamos as angústias e medos para que possamos seguir brincando.
A troca que existe aqui é espontânea, é uma teia que se expande e dá oportunidade para que todos aprendam juntos. Eles nos contam seus passatempos de antigamente, algumas histórias e relembram conosco algumas daquelas brincadeiras que toda criança brinca, aquelas que nunca saem de moda.
Na minha infância, tive avós maternos muito presentes. Lembro como se fosse hoje da gaveta de biscoitos tostines que eles guardavam só para nós - para mim e para os meus irmãos. Lembro do ravióli e do vodoscka, comida húngara que só eles sabiam fazer. Lembro como era gostoso dormir lá, acordar com meu avô fazendo bagunça, levando a gente para brincar. Infelizmente eles partiram cedo, tiveram uma vida dura, traumas e vivências de guerra mas pude guardar na minha memória e levar, no meu coração, momentos inesquecíveis de muito amor e carinho!
Minha mãe hoje é avó. Já tem 4 netos. Ela fica toda semana com meus sobrinhos, está sempre recolhendo flores nas ruas, desenhando, pegando sucata, levando na natação, na escola, procurando presentes, livros, histórias e receitas para fazer com eles. Sinto que ser avó para ela foi renovador. Ela mesmo diz que quando eles nasceram, eles trouxeram ressignificado para sua velhice. Suas energias foram revigoradas para poder oferecer toda sua presença a estes pequenos. Dá pra notar o quanto eles sentem e recebem todo este amor e carinho. São vidrados nesta vovó.
“Minha sensação é simplesmente maravilhosa, um retomar dos meus filhos pequenos, mas sem muita responsabilidade no educar e mais em estar junto, em poder brincar em poder dar carinho, é maravilhosa a sensação, é indescritível! Quem passa por ela é que pode entender o que eu estou dizendo, é fantástico!!!”
- Minha mãe, Mara Bloch.
Aqui no Brincando, já vi várias vezes crianças chorarem porque seus avós tiveram que ir embora de uma festa ou de um evento, isso é bem comum. Acho que nesta relação existe algo meio mágico, que só acontece ali, entre avós e crianças!
Para incentivar os avós a trazerem seus repertórios de brincadeiras para seus netos e revisitarem suas infâncias, em casa ou aqui, no Brincando no Pé, lá vai a minha listinha:
bola de gude
corre cutia
passa anel
cinco marias
cama de gato
pular elástico
pular corda
pula sela
pé de lata
telefone sem fio
escravos de jó
amarelinha
caracol
estátua
elefantinho colorido
batata quente
passa, passa três vezes
cabra-cega
mãe da rua
esconde esconde
adoleta
peteca
cantigas de roda
jogo da velha
pedra, papel e tesoura
trava língua