Folclore - uma tradição que se aprende brincando
O Brincando no Pé tem algumas bases que o fundamentam e, uma delas, é o acesso à cultura.
Cultura no mais amplo potencial da palavra: dança, artes, histórias, músicas, manifestações e por aí vai. Por cultura, compreendemos o modo de viver, o grupo social, idioma, regras, gostos, comidas, bebidas, vestimentas, todos os aspectos que formam um povo.
Nosso país, tão grande, carrega tradições indígenas, africanas, européias e tantas outras que nos mostram uma imensidão bela, vasta e multicultural.
Sabemos que toda criança tem direito à cultura e também sabemos que em nossa sociedade, temos pouco costume de frequentar shows, teatros, cinemas… Atualmente o que mais vemos nas indústrias do entretenimento são os famosos PERSONAGENS. Então, nosso papel, de forma sutil, simples e corriqueira, é ampliar este repertório. Diversificando as referências e trazendo elementos de nossa cultura para mostrar aos pouquinhos a nossa história e nossas raízes aos pequenos.
O folclore, por exemplo, conta a história de um povo e suas crenças. É um mundo encantado, com personagens diferentes, estranhos, muitas vezes amedrontadores, mas que aumenta - e muito - a fantasia e a imaginação.
Em nosso espaço, gostamos muito de fazer brincadeiras voltadas a este tema, como caça ao saci, conhecer o curupira, a estranha matinta pereira e até o mãos de cabelo, personagem menos conhecido. Aqui tocamos maracatu, cantamos cacuriá, coco, fazemos brincadeiras de roda e cirandas. De maneira simples, as crianças vão aprendendo ritmos, manipulam diferentes instrumentos, conhecem palavras novas e ampliam seu vocabulário. Em momentos como este, cada um pode trazer seu próprio repertório, como músicas e brincadeiras de casa, promovendo a troca das nossas culturas e fazendo com que um aprenda com o saber do outro.
Abordar histórias e músicas como essas aproximam as crianças dos animais nacionais, dos costumes de determinadas regiões e, principalmente, geram gostosas brincadeiras.
Não podemos esquecer que as brincadeiras também são puramente culturais. A brincadeira existe faz tempo e foi se transformando ao longo dos anos. Antigamente as brincadeiras eram para todos, adultos e crianças, e aconteciam em sua maioria na rua, nas comunidades, nas praças, praias e lugares públicos. Hoje, com toda a evolução industrial, necessidade das mulheres se aproximarem do mercado de trabalho e, principalmente, a questão da falta de segurança, as brincadeiras se restringiram às escolas. De um certa forma, o brincar passou a ser quase que exclusivamente às crianças e a sua importância e sua freqüência diminuíram muito.
Felizmente, existe um grupo grande como nós que ainda busca, com todas as garra, preservar nossa infância, dar espaço para que nossos pequenos abram seus mundos imaginários e criem suas linguagens, seus brinquedos e suas brincadeiras.
É por meio do brincar que regras são estabelecidas, que trocas efetivas acontecem, jogos simbólicos, observações, mistérios e magias. Ainda vemos muitas brincadeiras sendo passadas de geração em geração, como brincar de amarelinha, pular corda com cantigas, andar num pé de lata, corre cotia, cinco marias, telefone sem fio… Elas podem ter mudado o nome, podem ter ganhado novas formas, mas a essência permanece a mesma.
Não é lindo saber que a nossa cultura e as nossas tradições podem ser transmitidas de pai para filho, de avô para neto, por divertidas brincadeiras?